1. Introdução
A partir de 2019 até meados de 2021, o mundo enfrentou a pandemia do COVID-19. A economia global sentiu. Muita gente que trabalha com tecnologia teve que mudar o ritmo de trabalho e iniciaram o home office. Bem-vindo à nova era do trabalho!
Uma pesquisa publicada em 2020 por Ralph et. al (2020), até então inédita, revelou como o trabalho remoto afetou o bem estar e a produtividade de desenvolvedores de software durante o COVID-19. Desta forma, foi feito um questionário, traduzido em 12 idiomas e disponibilizado para 53 países. A pesquisa recebeu 2225 respostas válidas. Neste artigo, fornecemos alguns dos principais insights sobre os resultados da pesquisa.
2. Desenvolvimento
Os autores criaram 10 hipóteses para validação do estudo. Essas hipóteses são (Ralph et. al, 2020):
- Hipótese H1: Desenvolvedores terão um menor bem-estar durante o trabalho remoto na COVID-19;
- Hipótese H2: Os desenvolvedores terão menor produtividade percebida ao trabalhar em casa devido ao COVID-19;
- Hipótese H3: Mudança no bem-estar e mudança na produtividade percebida são diretamente relacionado;
- Hipótese H4 e H5: A preparação para desastres está diretamente relacionada à mudança no bem-estar e na produtividade percebida;
- Hipótese H6 e H7: O medo (da pandemia) está inversamente relacionado com a mudança no bem-estar e mudança na produtividade percebida;
- Hipótese H8 e H9: A ergonomia do home office está diretamente relacionada à mudança no bem-estar e mudança na produtividade percebida;
- Hipótese H10: A preparação para desastres está inversamente relacionada ao medo (da pandemia).
A população-alvo do estudo são desenvolvedores de software de qualquer lugar do mundo que passaram a trabalhar em casa devido a COVID-19. As perguntas do questionário foram categorizadas em: bem-estar emocional, produtividade percebida, preparação aos desastres, medo e resiliência, ergonomia e apoio organizacional. O questionário pode ser acessado em <https://zenodo.org/record/3783511> .
O questionário recebeu resposta de forma anônima e foi anunciado em redes sociais, tais como, Linkedin, Facebook, InfoQ, Twitter, Reddit, WeChat e entre outras redes.
De acordo com os autores do estudo, as hipóteses H1–H3, H5, H6 e H8–H10 são suportadas; as hipóteses H4 e H7 não são suportadas. Ou seja, mudança no bem-estar e mudança na produtividade percebida estão diretamente relacionados; a mudança na produtividade percebida depende da ergonomia do escritório doméstico e na preparação para desastres; mudança no bem-estar depende ergonomia e medo; e a preparação para catástrofes está inversamente relacionada com o medo (Ralph et. al, 2020).
Ainda sobre os resultados, os autores inferem que:
- Pessoas que moram com crianças pequenas têm escritórios domésticos significativamente menos ergonômicos. Isto não é surpreendente porque a escala de ergonomia incluía itens relacionados com ruído e distrações.
- Pessoas com deficiência estão menos preparadas para desastres, têm escritórios menos ergonômicos e têm mais medo.
- Pessoas que vivem com outros adultos estão mais preparadas para desastres.
- Pessoas que moram sozinhas têm home offices mais ergonômicos.
- Pessoas que tenham COVID-19 ou tenham familiares, colegas de casa ou amigos próximos com COVID-19 tendem a ter mais medo, são mais preparados e demonstram um pior bem-estar trabalhando em casa.
- Pessoas que estão mais isoladas (ou seja, que não saem de casa ou apenas para necessidades) tendem a ter mais medo.
3. Conclusão
Neste artigo, exploramos insights de uma pesquisa inédita realizada por Ralph et al (2020), que aborda a produtividade e o bem-estar dos desenvolvedores de software durante a pandemia de COVID-19. Os resultados do estudo revelam: a produtividade e o bem-estar dos desenvolvedores sofreram uma queda significativa, em grande parte devido ao temor de contrair a doença.
Esta descoberta serve como um alerta, demonstrando a importância de criar ambientes que promovam o bem-estar e segurança emocional em situações de desastres, lockdowns e pandemias. A pesquisa de Ralph et al.(2020) nos oferece uma oportunidade de aprender com as experiências passadas e nos preparar para futuros desafios, garantindo que a produtividade e o bem-estar não sejam comprometidos.
A seguir, você encontra a referência deste artigo, que pode ser usado para aprofundamentos.
Referência
Ralph, P., Baltes, S., Adisaputri, G., Torkar, R., Kovalenko, V., Kalinowski, M., … & Alkadhi, R. (2020). Pandemic programming: How COVID-19 affects software developers and how their organizations can help. Empirical software engineering, 25, 4927-4961.